OS HOMENS E O MAR
Guardas segredos profundos
Retidos no tempo e na memória
Escondes bem lá no fundo
Nos grandes baús da nossa história?
São histórias de Deuses e sereias
De ódios e amores inacabados
Trazes dentro das tuas veias
As desgraças dos Deuses irados.
Guardas dentro do teu coração
A luta de marinheiros e pescadores
Afundaram-se no seio do teu chão
Na luta contra o gigante Adamastor.
Denuncias-te tua ira e teus rancores
Do teu ventre desvirginado pelos marinheiros
Contas-te tua história na boca dos trovadores
Derrubas-te com tua raiva os veleiros.
Os marinheiros fortes e corajosos
Enfrentaram com renúncia e desvelo
Chegaram enfim outros povos
Contrariando as ameaças do velho do Restelo.
Foram em busca de outras terras
Enfrentando mitos e lendas
Deixando-se levar por outras guerras
Adquiriram bens e fazendas
O mar representa uma importante fonte de alimento, emprego, energia e divisas para as nações com aberturas na costa marítima. Sendo assim, as questões relacionadas aos oceanos assumem importância fundamental para o povo brasileiro. Quando se pensa em recursos do mar, imediatamente se associam tais pensamentos com os produtos da pesca, tais como peixes, camarões, lagostas ou com os recursos de lazer como praias, mergulho, náutica; porém, as riquezas marinhas utilizáveis pelo homem são muito maiores. A grande riqueza genética dos ecossistemas marinhos representa um imenso potencial pesqueiro, biotecnológico, mineral e energético. Estes recursos devem ser considerados patrimônio natural e econômico do país e não devem ser desperdiçados através da degradação ambiental e exploração excessiva a ponto de comprometer a sustentabilidade a média e em longo prazo.
David Jones
É questionado se ele realmente existiu, desde o século XVIII, segundo a lenda popular de marinheiros, era um homem do mar ou, para algumas pessoas, um Deus que atormentava marinheiros até a morte, atraia tempestades para navios despreparados, confundia capitães e pilotos para fazê-los errar a rota de seus navios e bater em rochedos, recifes, bancos de areia ou entrar em correntes marítimas perigosas, além de engajar marinheiros em missões tão perigosas, que o número de sobreviventes era ínfimo. Acredita-se que poderia também prolongar a vida de um morto ou semimorto através de um pacto. Talvez por esse motivo em terras equatoriais, Davy Jones, equivale ao Diabo.
O Homem e o Mar
Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás de amar. No seu dorso agitado, Como em puro cristal, contempla retratado, Teu íntimo sentir, teu coração ardente. Gostas de te banhar na tua própria imagem. Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos, As queixas que ele diz em mística linguagem. Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos; Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos, Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos; Os segredos guardais, avaros, receosos! E há séculos mil, séculos inumeráveis, Que os dois vos combatem numa luta selvagem, De tal modo gostam n'uma luta selvagem, Eternos lutadores ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
Obtido em Wikisource
CONTOS DO MAR SEM FIM
Lançamento
Cinco autores de Angola, quatro de Guiné-Bissau e sete escritores do Brasil, entre eles dois de nossos maiores, Machado de Assis e Lima Barreto, estão reunidos na coletânea Contos do mar sem fim, que chega agora às prateleiras. O título remete aos célebres versos de Fernando Pessoa: “O mar sem fim é português”.
Nas entrelinhas, o convite para deixar a mente percorrer as imagens que fazem parte do cotidiano dos três povos... E, de fato, os 16 contos selecionados têm em comum o idioma e suas particularidades em cada nação no qual é falado. “A rota de navegação escolhida para atravessarmos esse mar imaginário é instigante em todos os sentidos”, explica, na orelha, a professora Laura Cavalcanti Padilha.
“Não nos podemos esquecer — e os textos, eles próprios, nos impedem — que a África é um múltiplo e só assim pode ser pensada”, avança Padilha na apresentação. Dessa concepção fazem parte os modos dos angolanos e guineenses de viver e se organizar social e simbolicamente. Tudo isso sem falar no intercâmbio de experiências entre os países, seja na dor provocada pela guerra, seja na mancha de sangue dos escravos, que tingiu os oceanos no tempo da escravidão e continua a permear as lembranças dos seus descendentes em Angola, Guiné-Bissau ou no Brasil.
Pallas Editora
O Controle do Suportável
Tudo o que acontece, acontece de sorte que naturalmente o podes suportar ou naturalmente o não podes suportar; não protestes, mas, enquanto te for possível, suporta-o. Se ao invés é coisa que naturalmente és capaz de suportar, não reguingues, senão mais depressa dás com tudo em terra. Lembra-te, todavia, que és naturalmente capaz de suportar tudo o que de ti depende tornar suportável e tolerável; basta que consideres que é o teu interesse ou o teu dever a impor-te esse trabalho.